SÓCIOS
Outubro 2023

ARTIGOS DO MÊS
 
 Preoperative Treatment of Locally Advanced rectal
 
O presente artigo, cuja publicação aconteceu em Julho deste ano na prestigiada revista NEJM, vem publicar os resultados do chamado “PROSPECT TRIAL “, que decorreu entre Junho de 2012 e Dezembro de 2018, com 5 anos de seguimento.

Este ensaio clínico randomizado, multicêntrico, não cego e de não inferioridade
veio demonstrar que a quimioterapia neoadjuvante exclusiva em casos de neoplasias do recto de baixo risco ou risco intermédio (T2N+, T3N0 e T3N+), do terço médio e superior, é igualmente eficaz à quimioradioterapia neoadjuvante “clássica” (com o esquema “longo” de RT) em cerca de 90% deste grupo de doentes. As taxas de sobrevida livre de doença são estatisticamente semelhantes. Ou seja, com iguais taxas de recidiva local, e sobrevida global aos 5 anos. Assim sendo fica comprovado, que neste grupo de doentes, a radioterapia não é necessária, evitando-se assim todo um grupo de efeitos deletérios da mesma em termos de função evacuatória, urinária e sexual a curto e longo prazo.

Gostaria de realçar que a radioterapia foi introduzida no tratamento do cancro do recto localmente avançado, inicialmente em fase pós-operatória e mais tarde como neoadjuvante à cirurgia, por conseguir uma menor taxa de recidiva local.
 
Assim o Prospect Trial veio demonstrar que neste grupo de cancros do recto de baixo ou risco intermédio, a quimioterapia exclusiva pré-operatoria ou neoadjuvante (TNT como agora se designa), será suficiente, não sendo necessária a radioterapia.
 
Da leitura atenta do artigo, realço alguns pontos importantes, no entanto, a ter em atenção:
- Apesar de falarem em N+, foram excluídos todos os tumores que no estadiamento inicial eram N2.
- Não foram incluídos tumores do terço inferior do recto.
- Não fora incluídos tumores T4.
- Esta estratégia obriga a uma reavaliação com RM pélvica no final da QT, ma vez que em caso de redução do tumor £ 20%, os doentes faziam QRT antes de serem operados.
- A taxa de respostas patológicas completas foi de 21,9% no grupo quimioterapia e 24,3% no grupo quimioradioterpia. (pensando na estratégia WW).
 
Anexo também um editorial da mesma revista com o título “ Changing the Treatment Paradigma for Locally Advanced Rectal Cancer”, que faz uma boa avaliação histórica do tratamento do cancro do recto
 
Manuel Limbert
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Does KONO-S anastomosis reduce recurrence in Crohn's disease compared to conventional ileocolonic anastomosis? A nationwide propensity score-matched study from GETAID Chirurgie Group (KoCoRICCO study)
Line Alibert,  Louis Betton,  Antoine Falcoz,  Gilles Manceau,  Stéphane Benoist,  Philippe Zerbib, Juliette Podevin,  Léon Maggiori,  Antoine Brouquet,  Gaëlle Tyrode
 
A recorrência da doença de Crohn no pós operatório é um tópico de manifesto interesse médico cirúrgico no campo da Coloproctologia . 
 
Os autores do presente paper compararam retrospetivamente ( embora com colheita prospetiva dos dados) os resultados da recorrência pós operatória em doentes submetidos a anastomose Kono S versus anastomose latero  lateral . O estudo decorreu entre 2020 e 2022, englobou  7 centros em França.
 
Foi efetuada uma análise de propensão para eliminar fatores de confusāo e permitir avaliar o impacto do tipo de anastomose na recorrência pós operatória.
 
Um total de 432 pacientes com anastomose ileocólica foram analisados. Destes, 155 (35,9%) foram submetidos a uma anastomose Kono-S . 
Foram avaliados  61 no grupo da anastomose Kono S e 122 no grupo da anastomose latero lateral  após análise de propensão para evitar fatores  confundedores. 
Não ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação à taxa de recorrência definida pelo score de Rutgerts ≥ i2. Na regressão logística incondicional, a anastomose Kono-S não foi associada a um menor risco de recorrência endoscópica: OR = 1,141 (IC 95% 0,616-2,114, p=0,5147). Verificou-se que a anastomose Kono S estava associada a uma menor morbilidade pós operatória .
 
Este paper tem algumas limitações como o facto de não ser prospetivo nem randomizado e a comparação ter sido efetuada com um coorte de doentes anteriormente estudados . Acrescenta se que a medida da recorrência , o score de Rutgerts , apesar de muito usado , não está validado e a leitura endoscópica não foi centralizada.  No entanto tem um número importante de doentes e traduz dados de vida real. 
 
Paula Ministro
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