ARTIGOS DO MÊS
TÍTULO: Early-onset colorectal cancer: A review of current knowledge Publicado a 28 de Fevereiro de 2023, no World Journal of Gastroenterology REFERÊNCIA: Saraiva MR, Rosa I, Claro I. Early-onset colorectal cancer: A review of current knowledge. World J Gastroenterol 2023; 29(8): 1289-1303 [PMID: 36925459 DOI: 10.3748/wjg.v29.i8.1289] COMENTÁRIO: O presente artigo, publicado pelas colegas do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, apresenta-nos uma revisão sobre o cancro colorretal (CCR) de início precoce, definido como o seu diagnóstico em doentes abaixo dos 50 anos de idade. A incidência do CCR de início precoce tem aumentado surpreendentemente em todo o mundo (1,4% ao ano), tornando-se um problema de saúde pública, ao contrário da incidência acima dos 50 anos, que tem diminuído globalmente nas últimas décadas (3,1% ao ano), provavelmente devido a melhores práticas de rastreio. Nesta revisão as autoras resumem as evidências atuais sobre as características epidemiológicas, clínicas, histopatológicas e moleculares do CCR de início precoce e discutem a contribuição de fatores genéticos e de estilo de vida. Destacam também o facto deste aumento de incidência apresentar um efeito de coorte de nascimento, o que provavelmente reflete uma mudança na exposição a fatores de risco ambiental, sendo previsto que sua incidência duplique até 2030. Evidências de diferentes estudos encontraram algumas diferenças entre o CCR de início precoce e o CCR em doentes mais velhos, em relação à apresentação clínica, localização e características histológicas, sugerindo que se pode tratar de uma entidade distinta. Além disso, tumores síncronos ou metácronos surgem com maior frequência no CCR de início precoce, mas lesões adenomatosas precursoras são identificadas com menor frequência em comparação com os mais velhos, favorecendo a hipótese de carcinogénese acelerada. Preditores histológicos de mau prognóstico também são frequentemente encontrados no CCR de início precoce. Os tumores em doentes jovens exibem com maior frequência características histológicas adversas, como diferenciação mucinosa ou de células em anel e tumores pouco diferenciados; invasão linfovascular, venosa e perineural. No artigo as autoras comentam ainda algumas estratégias para a redução da incidência do CCR de início precoce, como sejam novas estratégias de rastreio tais como a antecipação da idade de rastreio e/ou intervenção nos fatores de risco modificáveis. Têm também como objetivo consciencializar todos os clínicos sobre a necessidade de reduzir o limiar de suspeita em doentes jovens que apresentem sintomas gastrointestinais de alarme. Rafaela Loureiro
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